segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Cegonha-preta (Ciconia nigra)

“Contrariamente à cegonha-branca, sua parente mais próxima, a cegonha-preta é rara no nosso País e não vive em harmonia com o Homem, sendo precisamente a actividade humana e a consequente perda de habitat a principal ameaça à sua sobrevivência.”
Teresa Catry
 
A cegonha-preta é uma espécie de muito fácil identificação, uma vez que possui o bico e as patas vermelhas que tornam esta ave muito chamativa. Dependendo da luminosidade, é por vezes possível observar também os reflexos esverdeados nas suas asas, e alguns tons púrpura no pescoço e cabeça. Ligeiramente mais pequena que a cegonha-branca, esta é bastante mais tímida, fugindo ao menor sinal de perturbação. Por isso, a sua observação deve ser feita com muita cautela, evitando ao máximo causar danos nesta população que se estima ter entre 30 a 50 casais.


Estas majestosas aves alimentam-se essencialmente de peixes e graças à posição que ocupam na cadeia alimentar são bastante úteis para a agricultura, pois também se alimentam de anfíbios e insectos, evitando assim o aparecimento de pragas que possam destruir culturas.

 
A cegonha-preta não nidifica colonialmente, mas por vezes é possível encontrar dois ninhos na mesma árvore ou junto a ninhos de garças. Elas constroem o ninho com ramos, terra, musgo, papel, em árvores velhas e de grande porte ou em penhascos, a uma altura que varia entre 4 e 25 m de altitude. No seu território possui frequentemente vários ninhos que são utilizados alternadamente de ano para ano e que, com o tempo, ganham grandes dimensões. A postura é constituída por 2 a 5 ovos esbranquiçados, que são incubados durante um período aproximado de 35 dias. Os juvenis atingem a idade de emancipação entre os 63 e os 71 dias.

 
Em relação ao seu estatuto de conservação, em consequência da redução na área de distribuição e do declínio populacional sofridos, a cegonha-preta é considerada uma SPEC (Species of European Conservation Concern), tendo sido colocada na categoria SPEC3, que inclui espécies cujas populações não se encontram concentradas na Europa mas que apresentam um estatuto de conservação desfavorável. No Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal está classificada como Vulnerável. Inclui-se ainda nas Convenções de Cites, Bona (Anexo II), Berna (Anexo II) e na Directiva Aves (Anexo I).

 Para os observadores:
As zonas remotas do interior são aquelas onde a sua observação é mais provável.

Trás-os-Montes – pode ser vista ao longo do Douro Internacional, nomeadamente em Miranda do Douro e na barragem de Picote; também ocorre ao longo do Baixo Sabor.

Beira interior - o Tejo Internacional, a zona de Segura e as Portas de Ródão são os locais mais favoráveis à observação da cegonha-preta, que também ocorre na zona de Monfortinho e no vale do rio Águeda.

Lisboa e Vale do Tejo – muito rara na região, tem sido observada ocasionalmente na zona de Abrantes e, mais raramente, no estuário do Tejo.

Alentejo – pode ser vista ao longo do vale do Guadiana (zonas de Mourão, Mértola e Mina de São Domingos) e também na zona da barragem da Póvoa e nas imediações de Marvão. Ocorre igualmente em Barrancos. Durante o Inverno, aparece esporadicamente na lagoa dos Patos, na zona de São Cristóvão/Cabrela e na albufeira do Alqueva. 

Algarve - ocorre principalmente durante as épocas de passagem migratória, sendo o cabo de São Vicente o melhor local para observar esta cegonha. 

 
 


Curiosidade:

Apesar de ser uma espécie caracteristicamente tímida e reservada, pontualmente, a Cegonha-preta tolera a presença humana. Na Transcaucásia habitou-se ao Homem: nidifica na periferia ou mesmo no centro das aldeias e pesca no tanque da aldeia ou no ribeiro do prado, enquanto os camponeses trabalham no campo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Panda-Gigante, em luta contra a extinção!

“Os povos locais chamam-lhe bei-shung ou urso branco… é um animal raro e tímido que, se pressentir alguma aproximação, corre a esconder-se entre os ramos”

Pere David, 1823-1900

O panda-gigante é o urso mais raro do mundo e aquele cuja área de distribuição e cujo habitat são mais restritos, encontrando-se apenas em bolsas de florestas ricas em bambus nas terras altas do Centro e do Sudoeste da China

Cerca de 98% da sua dieta consiste em caules, rebentos, folhas e outras partes tenras dos bambus, que manipula com o que parece ser um “sexto” dedo flexível presente em cada pata anterior, tratando-se este de um prolongamento de um osso do pulso. Esta espécie fica até 14 horas seguidas sentada, consumindo de 12 a 14 kg da sua planta favorita.


 










Estima-se que existam apenas cerca de 1000 pandas-gigantes no estado selvagem! Os pandas foram capturados até há alguns anos atrás, uns para serem usados em circos e espectáculos, outros apenas para serem mostrados como troféus de caça, e outros ainda para alimentação humana. A dificuldade de sobrevivência da maior parte das crias, levou a que este animal fosse praticamente extinto. Por outro lado, a necessidade das comunidades locais em aproveitar terrenos férteis para agricultura fez desaparecer algumas florestas de bambu, de que estes animais se alimentam quase exclusivamente, e que têm um crescimento muito lento, diminuindo assim consideravelmente o território disponível para a alimentação da espécie. 

 
Os pandas-gigantes não hibernam e as fêmeas têm um único período fértil por ano e a cada gravidez elas conseguem gerar apenas dois filhotes, que estão sujeitos a acidentes fatais quando ainda são pequenos. Estes animais vivem sozinhos, abrigados em ocos de árvores ou em fendas de rochas.

O panda-gigante é um dos animais selvagens mais admirados e adorados em todo o mundo, sendo por esse motivo escolhido como símbolo do WWF (World Wildlife Fund), que se dedica à protecção de espécies ameaçadas.


                                        ...Mais um gigante em luta contra a extinção!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Maldivas, um paraíso em risco…

O arquipélago das Maldivas, com mais de mil ilhas, é um destino de sonho procurado por muitos milhões de pessoas. Mas o futuro de uma das regiões mais paradisíacas do planeta está ameaçado! Devido ao aquecimento global e à inevitável subida das águas do mar o país está a afunda-se e pode mesmo desaparecer em 100 anos. 

O presidente Mohamed Nasheed iniciou o seu mandato com uma medida bastante inovadora, criando um fundo de poupança para comprar novas terras onde a população possa viver caso o nível das águas acabe por engolir o arquipélago. Nasheed teme que até uma elevação pequena possa levar à inundação de algumas ilhas. “Nós não podemos fazer nada para impedir as mudanças climáticas sozinhos então nós temos que comprar terra em outro lugar. É uma apólice de seguros para o pior quadro possível”, afirmou.

Se as previsões mais pessimistas se cumprirem, os 300 mil habitantes poderão ter de abandonar definitivamente o seu território. É que as 1192 ilhas que compõem o arquipélago das Maldivas não estão a mais do que 2,4 metros acima do nível do mar e a maioria do território habitado está apenas a um metro de altitude. A capital, Malé, está a 90 centímetros do nível do mar e, só aqui, vivem 100 mil pessoas. 


Mas este é um problema que se estende a outras 47 ilhas, apelidadas pelas Nações Unidas de SIDS (Small Islands Developping States). As Ilhas Salomão, Vanuatu, Nova Caledónia ou Fiji são também alguns dos territórios ameaçados com a subida das águas.  Outro é o Tuvalu, símbolo das vítimas do clima. O pequeno arquipélago de 11 mil habitantes poderá ser o primeiro país a desaparecer do planeta. Periodicamente, marés vivas de cerca de três metros de amplitude submergem parte do território, incluindo a pista do aeroporto. As constantes inundações comprometem também a incipiente agricultura do país, devido à salinização das terras.

Os SIDS tentam agora apelar às nações desenvolvidas para uma redução das emissões de gases de estufa, a única forma de abrandar a subida das águas que é inevitável no futuro próximo.


Cada um de nós pode contribuir! Façam a vossa parte!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Uma viagem por Madagáscar!


São muitas as pessoas que ouvem falar de Madagáscar, mas também muitas são aquelas que nem sabem onde se situa este paraíso… Madagáscar é a maior ilha Africana e localiza-se ao largo da costa de Moçambique. A ilha de Madagáscar é mundialmente conhecida pela sua beleza, riqueza e também pelas suas praias. Algumas das suas principais características naturais são as selvas tropicais e vários traços de origem vulcânica que dão lugar a uma natureza de muitos contrastes e de extraordinária beleza.


Devido ao isolamento geográfico, Madagáscar criou uma terra de prodigiosa riqueza biológica. Este paraíso , abriga uma fascinante panóplia de espécies floristicas e faunísticas, abrigando vários tipos de espécies endémicas (que só podem ser encontradas em Madagáscar) como é o caso do lémure, animal fundamental nas florestas da ilha, uma vez que distribui as frutas existentes, regenerando assim a floresta.  

 
É verdade que Madagascar é conhecida pela sua Biodiversidade, mas a verdade é que a ilha vem sofrendo de grandes problemas ambientais. As florestas são desmatadas por causa das madeiras nobres e a erosão destrói os solos. Madagáscar é um dos locais mais pobres do mundo e várias pessoas dependem dos recursos naturais para sobreviverem. A maioria dos Malagasy (povo de Madagáscar) não tem possibilidade de estudar; eles precisam de viver da terra e de tirar dela o máximo possível para poderem sobreviver. O custo da pobreza da população é pago por Madagáscar e pelo mundo com a perda das espécies endémicas. Cada vez que Madagáscar perde uma dessas espécies, uma planta ou um animal que não existe em nenhum outro lugar do mundo, o mesmo é extinto para sempre.

Mas afinal de contas quais são os principais problemas ambientais de Madagáscar?

  1. Desmatamento e destruição de habitats;
  2. Queimadas;
  3. Erosão e degradação do solo;
  4. Exploração descontrolada de recursos, incluindo a caça de espécies selvagens;
  5. Introdução de espécie exóticas.




Esta imagem de satélite mostra rios vermelhos, correndo de Madagáscar para o oceano Índico, como se a ilha estivesse a perder sangue. Esta imagem é muito forte e alerta para um dos maiores problemas de Madagáscar, a erosão do solo. Para um país que depende da produção agrícola como pilar da sua economia, a perda dos seus solos tem um alto preço ambiental e económico.

Madagáscar sofre portanto de uma exploração descontrolada dos recursos naturais. As espécies nativas de Madagáscar tem sido caçadas e coleccionadas por pessoas desesperadas para encontrar um meio de sobrevivência para as suas famílias. Para além das espécies terrestres, as águas ao redor de Madagáscar são ao mesmo tempo um grande santuário de peixes e fonte de sustento para várias famílias Malagasy. Infelizmente, a pesca é mal supervisionada e praticamente não existe regulamentação. Barcos pesqueiros de outros países tomam conta da costa e os pescadores locais tem que se virar do melhor jeito possível. Tubarões, pepinos do mar e lagostas correm agora sério risco de desaparecer dos mares ao redor de Madagáscar.


Madagáscar tem sérios problemas ambientais mas várias pessoas estão a trabalhar para salvar as suas florestas e espécies nativas. Actualmente Madagáscar possui um dos melhores sistemas de parques da África e o país vem tentando atrair Ecoturistas, pessoas que querem viajar e que estão interessadas na cultura e natureza local e que querem minimizar seu impacto ambiental. O Ecoturismo ajuda a economia de Madagáscar ao criar empregos para as comunidades locais como guias, cozinheiros e outros empregos relacionados com a indústria do turismo e também arrecada dinheiro para alguns projectos de conservação.

 Mais um paraíso na Terra com grandes dificuldades em sobreviver!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

As grandes migrações

Migração é o movimento, em larga escala, de uma espécie animal de um lugar para outro. As migrações estão geralmente associadas a mudanças sazonais de clima e a padrões de alimentação, ou padrões de acasalamento e procriação.

Uma migração de animais é um fenómeno com uma estruturação superior à de uma simples deslocação. Os animais mantém-se focados na sua missão, sem ceder a tentações ou à desmotivação… É impressionante!

Há poucas visões mais majestosas do que a de uma migração animal em massa. Já imaginaram milhares de borboletas monarca aninhando-se nas árvores ou dezenas de gnus correndo pelas planícies africanas? São imagens realmente belas e impressionantes. 

borboletas monarca

Migração de Gnus

Para os animais, essas migrações são cruciais para a sobrevivência da sua espécie. Por exemplo, os gnus percorrem as planícies africanas em busca de água. Quando as fontes de água se esgotam, eles encaminham-se para as savanas em busca de alimento e de mais água.

Mas, perguntam-se vocês… Como se orientam estes animais?


Os métodos que os animais empregam para encontrar as suas rotas de migração são, na minha opinião, bem mais interessantes do que um sistema GPS. Alguns de seus métodos de navegação são tão estranhos que nem mesmo nós conseguimos compreende-los. A orientação dos animais dá-se, aparentemente, por diversas formas: alguns utilizam o Sol como bússola, o que é um problema complexo, outros utilizam reparos visuais, outros guiam-se pela lua e pelas estrelas, pelo faro, pelo clima ou até mesmo pelo campo magnético terrestre que consegue ser detectado por algumas espécies animais. Por exemplo, as crias de tartarugas marinhas são capazes de encontrar o seu caminho numa rota de migração de quase 13 mil quilómetros na primeira vez que a percorrem. Os cientistas desviaram algumas tartarugas do curso, mas elas conseguiram voltar ao caminho certo sem grandes dificuldades.

Sabem, eu hoje consigo ver as migrações de uma forma diferente... e em vez de dizer: “que bonito…”, digo: “Força, tu consegues!  Vai! Estarei a torcer por ti, amigo!”

Ed Grabianowski

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sempre de sentinela! Conheçe o mundo das suricatas...

As suricatas são mamíferos pertencentes à família Herpestidae. Apresentam corpo esguio, focinho pontiagudo e possuem manchas negras em torno dos olhos. A pelagem é castanha e apresenta riscas negras na parte terminal do dorso; a extremidade da cauda é negra. Possuem, ainda, longas garras, nas patas dianteiras. Eles alimentam-se principalmente de aracnídeos e insectos, mas também de ratos, pequenos répteis, ovos e crias de pássaros.

Esta espécie é endémica das regiões secas do sul de África, e vive em grupos de 20 a 30 indivíduos, em que sobressai um par dominante e os seus respectivos descendentes. Os elementos constituintes de cada grupo são muito amistosos: “abraçam-se” e cuidam mutuamente da pelagem com frequência. Apesar de existir alguma especialização dos elementos de cada grupo nas várias áreas, tais como, a segurança, a defesa, a marcação de território, o “baby-sitting” e a liderança, existe também uma enorme entreajuda e uma regular rotatividade de tarefas, que os indivíduos aceitam tranquilamente. As suricatas estão em comunicação constante entre si e possuem várias vocalizações, inclusive sons diferentes para predadores aéreos e terrestres. São relativamente dóceis para com o Homem, sendo muitas vezes mantidas em quintas, na África do Sul, como caçadoras de roedores.

Esta espécie possui hábitos diurnos, gastando a maior parte do tempo em busca de alimento e na construção de abrigos, utilizando-se das patas dianteiras para cavar. Um facto curioso é que enquanto o grupo está em actividade ou em repouso, há sempre 01 ou 02 indivíduos de vigia, apoiados em suas patas traseiras e base da cauda, geralmente no local mais alto que encontram. Observam tudo que ocorre à sua volta, como por exemplo, a aproximação de algum outro animal perigoso ao grupo. Quando percebem que o perigo está eminente, emitem um estridente grito de alarme para avisar os seus companheiros de que se devem refugiar de imediato na toca ou noutro esconderijo que esteja próximo. 










E porque esta é uma actividade diária, estes cautelosos animais, apesar da vigilância das sentinelas, movem-se sobre os seus membros posteriores para melhor controlo da situação. Esta sua pose típica é bastante divertida, o que os torna em centros de atracção nos jardins zoológicos e motivo de inúmeras fotografias.

O suricata é também bem conhecido pelas crianças por ter sido o personagem “Timão” que fez dupla com o javali “Pumba” numa das mais famosas produções da Disney: “O Rei Leão”.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Um recanto de magia – Lagoa de Santo André

Caros seguidores e amantes da natureza, hoje quero-vos dar a conhecer a maior lagoa do Litoral Alentejano, a Lagoa de Santo André!

A Lagoa de Santo André é um dos mais belos locais com que a natureza nos brindou. O extenso lençol de água, ladeado de dunas de grãos de areia dourada e uma avifauna riquíssima e diversificada tornam a meu ver, este local mágico.

Votada ao abandono durante alguns anos, só recentemente começou a ser cobiçada por diversas entidades. No ano 2000, foi finalmente criada a Reserva Natural da Lagoa de Santo André, de modo a conservar esta zona húmida de elevado valor ecológico, uma vez que é um local importante de passagem e invernada de diversas espécies com relevo para o galeirão (Fulica atra).

Galeirão (Fulica atra)

De entre as actividades humanas que aqui se praticam, a pesca é, a meu ver, a mais emblemática. Os barcos usados são a remos e o principal objectivo dos pescadores é a captura de enguias (Anguilla anguilla) que integram nos pratos da gastronomia típica da região.







Desprezada por muitos, é hoje procurada como “objecto” para geração de lucro fácil por parte de várias empresas que se dizem amigas do ambiente. É necessário salvar o Ecoturismo destas empresas que têm apenas como objectivo o lucro, esquecendo-se das populações locais e da conservação do meio ambiente e da biodiversidade.

Este local é constituído por paisagens únicas, donas de uma luminosidade muito própria e encantadora.

Cada vez que passo por aqui, apaixono-me… e sonho. Esta lagoa é minha conselheira...E um dos meus desejos é que as gerações vindouras tenham o prazer de contemplá-la como eu tive.

Lagoa de Santo André, a pérola da Costa Alentejana!