quarta-feira, 25 de maio de 2011

A rapina mais rara de Portugal

A águia-Imperial (Aquila Adalberti) é uma ave soberba, de grandes dimensões, apresentando uma envergadura de asas que pode atingir os 2 m, que se encontra criticamente em perigo, ocorrendo, unicamente, como nidificante, em Portugal e Espanha.


Esta ave de rapina é exclusiva do Mediterrâneo Ocidental e uma das rapinas mais raras do mundo. Numerosas acções de conservação têm permitido a sua recuperação passando de 100 casais em 1995 aos actuais 230 de 2007.
Esta grande rapina nidifica em zonas de montado de azinho e sobro, estabelecendo os seus ninhos sobre a copa de grandes árvores e tem as suas áreas de caça em áreas de pasto, cereal ou matagais, onde captura as suas presas.
A diminuição da sua presa principal – o coelho (nomeadamente devido a doenças) assim como a fragmentação do seu habitat preferencial – os montados – são factores de risco para a espécie.

Identificação
A melhor forma de distinguir a águia-imperial centra-se na coloração dos ombros e da nuca, que são visivelmente brancos, na cauda mais pálida e nas asas mais rectangulares. Por vezes é designada por águia-imperial-ibérica, para permitir a distinção da sua congénere mais oriental.


Abundância e calendário

A águia-imperial é extremamente rara em Portugal e como nidificante tem uma distribuição muito localizada. Apenas a ocorrência de exemplares jovens na fase de dispersão, possivelmente oriundos de Espanha, pode alterar este padrão de distribuição, alargando assim a área de ocorrência. Sendo fundamentalmente residente, ocorre em Portugal durante todo o ano. No entanto, as águias-imperiais jovens são mais facilmente observáveis durante a fase de dispersão, que se dá entre os meses de Outubro e Fevereiro.

Onde observar
Considerando a raridade desta espécie, as expectativas de a conseguir observar devem ser niveladas por baixo.
- Beira interior: O melhor local é o Tejo Internacional;
Alentejo: A presença da águia-imperial nesta região parece ser irregular, mas a espécie pode ser vista esporadicamente na região de Barrancos e nas planícies de Castro Verde;
Algarve: A presença desta águia é regular na zona do cabo de São Vicente durante o Outono, sendo observadas principalmente aves jovens e imaturas durante os seus movimentos dispersivos.

Fonte: WWF Portugal; Aves de Portugal

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Conservação da gralha-de-bico-vermelho

A forte regressão das gralhas-de-bico-vermelho a nível nacional e internacional, levou-a à sua inclusão na lista do Anexo I da Directiva Aves (79/409/CEE, alterada pela Directiva 85/411/CEE), a qual é destinada às espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de protecção especial. A publicação do Livro Vermelho dos Vertebrados tem vindo a reflectir a regressão na distribuição da espécie, que de acordo com as categorias da UICN, em 1990 atribuiu-se-lhe o estatuto de “Vulnerável” e em 2006 a espécie passou a inscrever-se na categoria de “Em Perigo”. Uma estimativa fiável de 2007 apontava para a existência de 700 a 1000 indivíduos e de 140 a 285 casais reprodutores. As causas apontadas para a regressão da espécie parecem estar ligadas ao abandono do pastoreio extensivo e da agricultura tradicional, com a consequente desenvolvimento dos estratos herbáceos e arbustivos, à intensificação da agricultura associada ao uso de agro-químicos. Existe também a hipótese de haver alterações ao nível do sucesso reprodutivo da espécie que podem potenciar o seu declínio no médio longo prazo.



Conscientes da situação pouco favorável, em que se encontra esta espécie, a Quercus, com o apoio da Vodafone Portugal e da Cooperativa Terra Chã, iniciou em 2008 o projecto de “Conservação da Gralha-de-bico-vermelho na Serra dos Candeeiros” no âmbito do programa “Criar Bosques, Conservar a Biodiversidade 2008-2012”. O objectivo do projecto consiste em conservar a gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) na serra dos Candeeiros, com recurso à manutenção e incremento de áreas de pastagens extensivas para o pastoreio de gado caprino, com condicionamento do encabeçamento, que se traduzam na melhoria do habitat de alimentação da espécie. Pretende-se igualmente fomentar actividades económicas que criem dinâmicas de desenvolvimento local ligadas aos produtos tradicionais e ao turismo de natureza. Este projecto tem a duração de cinco anos (2008-2012).



Identificação
As aves adultas são inconfundíveis, com o seu corpo preto, e patas e bico vermelhos, sendo este comprido e fino, e encurvado. Os mais jovens têm o bico amarelado. Geralmente gregárias, as
gralhas-de-bico-vermelho são bastante vocais, emitindo um som metálico bastante característico e fácil de identificar.


Abundância e calendário
A Gralha-de-bico-vermelho tem o estatuto de conservação de "Em perigo", tendo, em Portugal, uma distribuição muito fragmentada, estando presente em algumas zonas de falésias costeiras, em zonas montanhosas rochosas e vales fluviais escarpados. Sendo uma espécie essencialmente residente, pode ser encontrada durante todo o ano nos locais onde ocorre. É uma espécie bastante fiel aos locais de cria, sendo raramente observada fora da área normal de distribuição.



Onde observar
As áreas tradicionais de ocorrência são mais numerosas a norte que a sul.
- Entre Douro e Minho – Presente unicamente na serra da Peneda, mas em números baixos, pelo que a sua observação pode não ser muito fácil.

- Trás-os-Montes – Pode ser encontrada nos vales do Douro Internacional, nomeadamente junto a Miranda do Douro e na barragem do Picote. Também ocorre na serra do Alvão e na parte oriental da Serra do Gerês.

Litoral centro – Distribui-se pelas serras de Aire e Candeeiros.

Beira Interior – Irregular nesta região, ocorre esporadicamente na Serra da Estrela, onde deverá ter nidificado no passado.

Lisboa e Vale do Tejo – não ocorre habitualmente nesta zona, mas por vezes observa-se na Serra de Montejunto.

Algarve – o cabo de Sao Vicente é talvez o melhor local de observação desta espécie em Portugal, pela facilidade de detecção. Ocorre também em Sagres.


Adaptado de Aves de portugal e Quercus.